domingo, 22 de junho de 2008

Speed Racer

---- Da serie: CONSUMIDOR EXIGENTE

Resisti o que pude, mas acabei comprando um carrinho de ferro, replica do Mach 5. Sabe aqueles papais que compram brinquedos para eles próprios? Pois é... esse é o meu caso. Minha filha até achou estranho quando minha esposa explicou: "Esse é do papai!". Pelo menos, vai ficar bonito na estande livros. No fim das contas, sempre acaba servindo de acessório de decoração.

Para nós, consumidores formados nos 80, é difícil resistir ao apelo dos carrinhos de ferro, ainda mais somado a nostalgia das series de televisão. Aquela gurizada, que na época vivia de mesada, hoje são executivos endinheirados e consomem todos esses produtos vorazmente. Por exemplo, um colega do escritório me disse que perdeu os sentidos quando viu uma replica da Entreprise da serie clássica, e, quando voltou a sí, ja estava dentro de casa com a navezinha nas mãos. Com um agravante: ele é do departamento de Financing&Conrtoling, ou seja, treinado para evitar gastos desnecessários.

Apesar disso, esse tipo de consumidor tem um perfil altamente exigente, difícil de agradar, que torce o nariz para desvios do script original. Acostumado com a qualidade das marcas tradicionais, como os carrinhos de ferro Matchbox, jamais compraria um da Hotwheels de plástico, por exemplo - mesmo que agora sejam da mesma empresa, Mattel. Por outro lado, não da pra ignorar o novo consumidor, a gurizada que vive de mesada hoje, mas que tem um perfil totalmente diferente, heavy-users de vídeo game e web 2.0.

Uma amostra disso é que o maior desafio do filme do Speed Racer, segundo a USA today, é se equilibrar entre os consumidores originais e a nova geração Youtube. Para muitos aficcionados, eu inclusive, o Mach 5 é o verdadeiro protagonista da série, e a idéia de apresentar um novo Mach 6 soa arriscada. Entendo que existe a necessidade de atualizar tecnologicamente o carro, mas... tambem não precisa relegar o clássico Mach 5 ao "carro do rodizio" da familia Racer. O resultado é que o filme não está indo bem na bilheteria, custou 120 milhões de dolares e, até a publicação desse post, tinha faturado pouco acima de 80 milhões.

De qualquer forma não se trata de um consumidor retrô pura e simplesmente. Atulizações até que são bem recebidas desde que façam sentido. O problema é acertar a mão. Como atualizar o conceito sem mexer no Mach 5? Um idéia do que me pareceu interessante, é apelar para as preocupações atuais dos antigos fans, como o tema ´save the planet`, e o debate sobre energias renováveis. Nada mais apropriado para uma estória sobre carros de corrida. O filme tem um mérito nesse ponto, e vem exatamente de uma empresa brasileira: o carro Green Energy, da Petrobras.

Leio no Estadão que a Petrobras investiu 1 milhão de dolares para ter um carro no filme do Speed Racer (veja o making of aqui). Um excelente investimento de marketing, ainda mais se comparado aos 6 milhoes de Reais (três vezes mais) que investe no carnaval para ter somente 3 dias de exposição, com um alcance claramente reduzido. Com o filme, a imagem da empresa vai correr (literalmente) o mundo junto com o Speed, com direito a reprises em DVD, TV e, quem sabe, até uma seqüência no cinema. Alem disso, o mote do biocombustível Green Energy é super oportuno para uma empresa que vive de queimar petróleo. Sem falar que endereça o publico correto, os marmanjões que compram carrinho de ferro.

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