sábado, 28 de junho de 2008

Pronação Leve


Comecei a correr. Eu não tinha idéia da quantidade de variáveis que estão envolvidas quando se pretende levar a corrida a sério. Uma verdadeira ciencia!

Aproveitei o convênio da empresa com uma consultoria e decidi melhorar o meu condicionamento. Não que eu fosse um sedentário, pratico squash ha quase 4 anos, mas que precisava melhor meu fôlego por que já estava atrapalhando minha performance. Pensei que ia ser moleza, mas me enganei. Nos primeiros minutos que meus joelhos começaram a doer, percebi que precisava refazer todo o meu planejamento, rever as metas, plano de ação, avaliações e tudo o mais.

Segundo uma pesquisa da MSI Sports, a modalidade preferida entre os presidentes das 500 maiores empresas da Exame é a corrida, com 27% da preferência. Em novembro de 2007, mais de 4 mil executivos correram na Maratona de Nova York. Desses, 288 eram presidentes de companhias (leia sobre o caso do google aqui). No entanto, entre as praticadas de fato, a corrida fica apenas com a 3a colocação, alcançando apenas 11%. Isso mostra a distancia entre a intenção e a execução. Ainda, cerca de 40% dos presidentes praticam até 2 modalidades de esportes. Minha ideia era exatamente essa, complementar o Squash com mais uma modalidade para ganhar condicionamento.

Comecei pelo calçado. Hoje em dia os tênis são tão evoluídos tecnicamente, que precisei fazer um exame para identificar qual era o meu tipo de pisada. O resultado deu "Leve Pronação". Um corredor é considerado "pronador" quando toca o solo com a parte externa do calcanhar e rola o pé para dentro. O instrutor do meu teste me diz que 85% da população tem característica de "pronador", os restantes 15% são "neutro" ou "supinado", com rotação para fora. Para o meu caso, optei por um Asics Kaynano, com amortecimento com gel.

Um artigo do Jornal Valor conta que o mercado de tênis para corrida ja ultrapassa o de futebol. O crescimento do interesse por correr ja faz com que a participação de mercado supere os 28%, contra 20% dos tênis de futebol. Mesmo entre os que não correm, ou mesmo que não praticam nenhum esporte, a preferência pelo estilo running fica acima dos 40%. A líder nesse segmento é a Asics, que faturou próximo de R$ 50 milhões no país no ano passado. A previsão é que o Brasil seja o quarto mercado do grupo em pouco tempo. Quando testei vários tênis para corrida, entre eles o do concorrente direto, Mizuno, não tive duvidas de ficar com a Asisc.

Pra dar uma idéia, a Federação Paulista de Atletismo registrou 200 alvarás emitidos pra realização de corridas de rua em 2007, um crescimento de 800% em menos de 7 anos. Esse fenômeno pode ser observado nas ruas de São Paulo a Nova Yorque, de Paris a Munique. Cada vez mais as pessoas migram de outros esportes para a corrida, ou aprimoram o condicionamento correndo. Uma colega, executiva de RH, me disse que trocou o squash pela corrida porque é mais fácil de praticar quando se viaja muito a trabalho. Para o squash, você precisa da quadra e de de um parceiro, enquanto que para correr você só precisa do calçado e da paisagem. Meu chefe me convidou para correr ao longo do rio Isar, em Munique - aliás, no Isar dá até mesmo para fazer surf - dificilmente um esporte indoor proporcionaria algo assim.

Correr também melhora o humor do sujeito. Cientistas acabam de comprovar o que os atletas já sabiam ha muito tempo, o efeito Runner´s High. A atuação da endorfina no cérebro dos corredores pôde finalmente ser verificada, o que deve trazer avanços para a medicina esportiva, especialmente para aqueles que não vêem graça nenhuma em fazer exercícios. Faz algum tempo, outro executivo da matriz, na Alemanha, me disse que, após a corrida, ele tinha uma percepção totalmente diferente de um determinado problema. Correr o ajudava a pensar numa solução criativa. Recentemente um artigo da BBC comenta um estudo da Universidade Stanford, cujos resultados indicam que correr tambem pode reduzir os efeito do envelhecimento.

Escolher uma boa consultoria para o acompanhamento também é importante. Academias como a Bio Ritmio já contam com serviços de treinamento personalizados de assessoria esportiva. A academia tem 30 mil alunos, mas sua 'divisão' de consultoria, a 5ways, mantém estrito foco para os seus 150 alunos. Isso é o ideal para um assessoramento mais personalizado. Com treinos na USP e no Ibirapuera, alem de suporte na realização de provas, a atenção ao (pretenso) atleta como eu é fundamental para a motivação. Pra falar a verdade ainda não atravessei aquela linha em você percebe que, "agora vai, peguei o jeito, nao paro mais!... até lá, ainda dá pra cair em si e desistir.

Esse mês, fiz os teste dos 3Km. Completei o percurso em 19 min, com média de 95% da FCM - Freqüência Cardíaca Máxima. O instrutor me diz que um principiante normalmente fica entre 18 e 25 min. Até que não estou tão mal. Minha meta é chegar aos 1okm até o final do ano. Vamos ver.

domingo, 22 de junho de 2008

Speed Racer

---- Da serie: CONSUMIDOR EXIGENTE

Resisti o que pude, mas acabei comprando um carrinho de ferro, replica do Mach 5. Sabe aqueles papais que compram brinquedos para eles próprios? Pois é... esse é o meu caso. Minha filha até achou estranho quando minha esposa explicou: "Esse é do papai!". Pelo menos, vai ficar bonito na estande livros. No fim das contas, sempre acaba servindo de acessório de decoração.

Para nós, consumidores formados nos 80, é difícil resistir ao apelo dos carrinhos de ferro, ainda mais somado a nostalgia das series de televisão. Aquela gurizada, que na época vivia de mesada, hoje são executivos endinheirados e consomem todos esses produtos vorazmente. Por exemplo, um colega do escritório me disse que perdeu os sentidos quando viu uma replica da Entreprise da serie clássica, e, quando voltou a sí, ja estava dentro de casa com a navezinha nas mãos. Com um agravante: ele é do departamento de Financing&Conrtoling, ou seja, treinado para evitar gastos desnecessários.

Apesar disso, esse tipo de consumidor tem um perfil altamente exigente, difícil de agradar, que torce o nariz para desvios do script original. Acostumado com a qualidade das marcas tradicionais, como os carrinhos de ferro Matchbox, jamais compraria um da Hotwheels de plástico, por exemplo - mesmo que agora sejam da mesma empresa, Mattel. Por outro lado, não da pra ignorar o novo consumidor, a gurizada que vive de mesada hoje, mas que tem um perfil totalmente diferente, heavy-users de vídeo game e web 2.0.

Uma amostra disso é que o maior desafio do filme do Speed Racer, segundo a USA today, é se equilibrar entre os consumidores originais e a nova geração Youtube. Para muitos aficcionados, eu inclusive, o Mach 5 é o verdadeiro protagonista da série, e a idéia de apresentar um novo Mach 6 soa arriscada. Entendo que existe a necessidade de atualizar tecnologicamente o carro, mas... tambem não precisa relegar o clássico Mach 5 ao "carro do rodizio" da familia Racer. O resultado é que o filme não está indo bem na bilheteria, custou 120 milhões de dolares e, até a publicação desse post, tinha faturado pouco acima de 80 milhões.

De qualquer forma não se trata de um consumidor retrô pura e simplesmente. Atulizações até que são bem recebidas desde que façam sentido. O problema é acertar a mão. Como atualizar o conceito sem mexer no Mach 5? Um idéia do que me pareceu interessante, é apelar para as preocupações atuais dos antigos fans, como o tema ´save the planet`, e o debate sobre energias renováveis. Nada mais apropriado para uma estória sobre carros de corrida. O filme tem um mérito nesse ponto, e vem exatamente de uma empresa brasileira: o carro Green Energy, da Petrobras.

Leio no Estadão que a Petrobras investiu 1 milhão de dolares para ter um carro no filme do Speed Racer (veja o making of aqui). Um excelente investimento de marketing, ainda mais se comparado aos 6 milhoes de Reais (três vezes mais) que investe no carnaval para ter somente 3 dias de exposição, com um alcance claramente reduzido. Com o filme, a imagem da empresa vai correr (literalmente) o mundo junto com o Speed, com direito a reprises em DVD, TV e, quem sabe, até uma seqüência no cinema. Alem disso, o mote do biocombustível Green Energy é super oportuno para uma empresa que vive de queimar petróleo. Sem falar que endereça o publico correto, os marmanjões que compram carrinho de ferro.